Ano 20

Helena Ignez

*23 de maio de 1942 - Salvador - BA

Cena de O padre e a moça, 1965, Joaquim Pedro de Andrade
Cena de O padre e a moça, 1965, Joaquim Pedro de Andrade
Musa do Cinema Marginal, Helena Ignez é um caso a parte no cenário artístico brasileiro. Quase desconhecida do grande público, pois fez pouquíssimos trabalhos na televisão  e no cinema sempre privilegiou filmes de vanguarda, a atriz tem uma legião de fãs que há muito se deliciam com suas interpretações debochadas e modernas.Além disso, tornou-se também cineasta talentosa.

Helena Ignez começou sua carreira no teatro em Salvador, onde conhece e se casa com o cineasta Glauber Rocha, e tem a filha Paloma. Estreia no cinema no curta Pátio, dirigido por Glauber em 1959, e dois anos após atua em A grande feira, de Roberto Pires, filme que tem direção de produção do marido. No ano seguinte vai para o Rio de Janeiro para atuar em Assalto ao trem pagador, de Roberto Farias, um marco do cinema nacional. Em 1965, Helena Ignez recebe menção honrosa no Festival de Berlim pelo belíssimo filme O padre e a moça, de Joaquim Pedro de Andrade, inspirado em poema de Carlos Drummond. 

Alguns anos depois encontra-se com dois cineastas que vão mudar sua carreira, transformando-a em uma atriz essencialmente de vanguarda: Julio Bressane e Rogério Sganzerla –  namora com o primeiro, casa-se com o segundo e juntos montam a Belair, produtora de filmes emblemáticos do cinema marginal, gênero experimental por excelência do cinema brasileiro, onde Bressane e Sganzerla são grandes expoentes.

No cinema marginal, Helena Ignez sempre reinou, marcando um recorde em 1970 ao participar de seis filmes pruzidos pela Belair. Nesse gênero, ela brilhou, entre outros, em O bandido da luz vermelha e A mulher de todos, ambos de Sganzerla, imortalizando, respectivamente, as personagens Janete Jane e Angela Carne e Osso. Mas mesmo em outras praias, mostrou o quanto é grande atriz como nos clássicos citados acima. Depois de anos dedicada a estudos do oriente, volta, felizmente, a atuar no cinema brasileiro. 

Nos anos 2000, Helena Ignez estreia como diretora. O primeiro longa é o belo Canção de baal(2007), protagonizado pelo ator e cantor Carlos Careqa. O segundo filme é a continuação do longa dirigido pelo seu marido Rogério Sganzerla, O bandido da luz vermelha, que ela co-dirige com Ícaro Martins: Luz nas trevas - a volta do bandido da luz vermelha (2010).


Filmografia

Atriz
 Pátio,1959, curta, Glauber Rocha
A grande feira, 1961, Roberto Pires
Assalto ao trem pagador, 1962, Roberto Farias
O grito da terra, 1964, Olney São Paulo
O padre e a moça, 1965, Joaquim Pedro de Andrade
Cara a cara, 1967, Julio Bressane
Os marginais, episódio Guilherme, 1968,Carlos Alberto Prates Correia
O engano, 1968, Mario Fiorani
Um homem e sua jaula, 1969, de Fernando Campos e Paulo Gil Soares
O bandido da luz vermelha, 1969, Rogério Sganzerla
Sem essa aranha, 1970, Rogério Sganzerla
A mulher de todos, 1970, Rogério Sganzerla
A família do barulho, 1970, Julio Bressane
Cuidado, madame, 1970, Julio Bressane
Copacabana, mon amour, 1970, Rogério Sganzerla
Barão olavo, o horrível, 1970, Julio Bressane
Os monstros de babaloo, 1971, Elyseu Visconti
Carnaval de lama, 1975, Rogério Sganzerla
Mulheres de cinema, 1978, média, Ana Maria Magalhães
Nem tudo é verdade, 1986, Rogério Sganzerla
Perfume de gardênia, 1992, Guilherme de Almeida Prado
Oswaldianas, episódio Perigo negro, 1992, Rogério Sganzerla
Tudo é Brasil, 1996, Rogério Sganzerla
São jerônimo, 1999, Julio Bressane
Glauber o filme, labirinto do Brasil, 2003, Sílvio Tendler
Signo do caos, 2003, Rogério Sganzerla
Meu mundo em perigo, 2007, José Eduardo Belmonte
Jurando que viu a periquita, 2007, João Marcos de Almeida
A bela p., 2008, João Marcos de Almeida
Encarnação do Demônio, 2008, José Mojica Marins
Hotel atlântico, 2009, Suzana Amaral

Diretora
Canção de baal, 2007
Luz nas trevas - a volta do bandido da luz vermelha - co-direção Ícaro 

Veja também sobre ela
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Sala 
 Isabel Ribeiro
Presença luminosa nas telas, brilhou no cinema, teatro e televisão.