Filmes sobre presídios formam um subgênero potente do cinema mundial e que fazem as bilheterias tilintarem – os americanos adoram. E quando a ação se passa em presídios femininos aí é que os marmanjos de plantão salivam em combustão. Sobretudo se forem as produções da Boca do Lixo nas décadas de 1970 e 80, pois daí é certo que além das brigas arranca-cabelo, as moças vão mostrar o corpo fartamente, seja em banhos de sol, seja em cenas de sexo entre elas. Dessa produção do período no pedaço paulista, podemos citar dois exemplos bacanas: Escola penal de meninas violentadas (1977), de Antônio Meliande; e Fêmeas em fuga (1985), de Michele Massimo Tarantini. E, acima de todos, temos A prisão (1981), de Osvaldo de Oliveira, o mais famoso deles, inclusive com carreira internacional. É que o filme rodou mundo em uma cópia, não sei se pirata ou não, com as belas/feras dubladas, e que é a versão assistida com legenda em português. Veterano nome do cinema brasileiro com passagem por diferentes áreas técnicas - com importante carreira como fotógrafo -, como diretor, o Carcaça, como era chamado, diversificou-se em muitos gêneros e subgêneros: dramas, comédias, policial, faroeste, cangaço, sertanejo, aventura, sátira, e, claro, os filmes de presídio.
Em A prisão, a loiraça – ainda que as partes pudicas traiam a psiquê blondie – Maria Stela Splendore é a diretora lésbica e sádica do recinto, que comanda sua detentas com direito a sessão de torturas e de amassos. Tudo isso para espanto de sua assistente, a bela Neide Ribeiro, a única estrela do elenco que não protagoniza cenas eróticas, no máximo aparece nua em uma cena. Entre as detentas têm Márcia Fraga, Daniele Ferrite e Nádia Destro, todas feitas de gato e sapato pela diretoria, que inclui Marta Anderson – a melhor do elenco – como uma enfermeira tresloucada viciada em éter. Por fim, tem ainda Meiry Vieira, como uma escravagista que compra as meninas em dólar para seu desfrute sexual. A prisão não economiza em cenas de torturas, nudez, sexo entre as garotas ou entre elas e as carcereiras. E quando a ação avança, cenas de sexo explícito também marcam ponto na narrativa. Todas aquelas mulheres deixam de ser gente para se transformarem em objetos de prazer e de sadismo, não à toa são rebatizadas e chamadas por números e não mais por nomes. Para além do gozo e da exploração de seus corpos, há, no roteiro de A prisão, um entendimento crescente de que aquele mundo é real e que toda aquela gente está submetida apenas a sua sorte. E isso dentro ou fora da prisão, seja como encarceradas, como fugitivas ou como mercadoria comprada, pois quando não penam e morrem entre os muros, penam e morrem sob as garras de seus novos donos. Quando dão o último suspiro, assassinadas por colegas, pela diretoria ou por quem as compra o destino é a vala rasa ou como comida de peixe. E daí, vai se instalando um certo desconforto frente ao mostrado, num misto de tristeza e excitação doentia.
sexta-feira, 8 de janeiro de 2016
Longas Brasileiros assistidos em 2016 (008)