O filme O coronel e o lobisomem reúne nas telas um grupo de sucesso no atual cinema brasileiro: Guel Arraes na direção e/ou roteiro, João Falcão e Jorge Furtado no roteiro, Paula Lavigne na produção, e Caetano Veloso na trilha sonora. Outros sucessos em que alguns desse grupo se revezaram foram Lisbela e o prisioneiro (2003) e Meu tio matou um cara (2004). Só que dessa vez quem dirige o filme é Maurício Farias, experiente diretor da Rede Globo, de séries como Hilda furacão, por exemplo. E talvez seja aí que esteja a ponta que enfraquece essa nova produção.
O coronel e o lobisomem é a cara de Guel Arraes, que não á toa já dirigiu uma ótima versão desse livro de José Cândido de Carvalho para a televisão. Esse fato ainda fica mais visível na tela por ser o roteiro assinado por ele e seus parceiros habituais João Falcão e Jorge Furtado. Maurício Farias demonstra talento, mas ainda assim parece estar dirigindo um filme de Guel Arraes, sem, no entanto, intimidade com o tema, o universo e a estética que vem pontuando os filmes de Guel.
Representante da safra do cinema brasileiro que vem apostando em efeitos especiais, como Redentor (2004), de Cláudio Torres, O coronel e o lobisomem é protagonizado por Diogo Vilela e Selton Mello, e no elenco feminino a bela Ana Paula Arósio faz sua estreia em comédias. Diogo se sai melhor que Selton, mas quem brilha mesmo é Pedro Paulo Rangel, que está primoroso no filme, e também Tonico Pereira. Ana Paula Arósio, talvez até pela direção, não demonstra muito vigor na sua composição como Esmeraldina, motivo de disputa entre os personagens de Diogo e Selton, respectivamente, Ponciano e Pernambuco.
Além de bela, Ana Paula Arósio vem crescendo como atriz, e dá para ver o avanço entre a sua estreia nas telas em Forever, de Walter Hugo Khouri, em 1991, e o filme atual. O mesmo vale para suas atuações na televisão, que tem seu ponto alto como a apaixonante protagonista da minissérie Hilda furacão, de Glória Perez, em 1998.
Infelizmente, Ana Paula Arósio vem atuando pouco no cinema - Celeste & estrela, de Betse de Paula, é o outro filme em seu currículo. E por isso, talvez, a ainda pouca intimidade com a telona.
Andréa Beltrão, por sua vez, é uma veterana em comédias e brilha em sua pequena, mas marcante participação, como possível pretendente amorosa de Ponciano de Azeredo Furtado. Andréa é parceira habitual de Guel Arraes e já marcou época em momentos históricos na televisão ao seu lado, como no seriado Armação limitada (1985) e o atual A grande família. Daí, imagina-se que para compor sua personagem ficou completamente à vontade, dando a ela um tom divertido e zombeteiro.
Na ficha técnica, além da produção de Paula Lavigne, nome forte no cinema nacional atual – esteve envolvida em filmes como Orfeu (1999), de Carlos Diegues, Lisbela e o prisioneiro (2003), de Guel Arraes, Benjamin (2003), de Monique Gardenberg, Meu tio matou um cara (2004), de Jorge Furtado, e 2 filhos de francisco (2005), de Breno Silveira - O coronel e o lobisomem conta ainda com a presença de Emilia Duncan no figurino.
O Coronel e o lobisomem
Brasil, 2005, 1h48. Direção: Maurício Farias