Escolhido de Iemanjá, O, 2010, Jorge Durán
Luta ancestral
Cinematográfico por excelência, o candomblé já deu as caras em mais filmes brasileiros que imaginamos. E quase nunca se sabe muito se por sua importância como identidade cultural, ou se pelo apelo fílmico dos rituais, transes e adereços. Nesse filme de Durán, uma construtora quer expulsar os moradores de uma favela a qualquer custo para construir um edifício e por isso promove explosões criminosas no morro acima dos casebres. Cansados de tantos acidentes e do descaso das autoridades, os moradores pedem ajuda ao pai de santo da comunidade, que determina que eles busquem um pescador para resolver a situação, já que ele foi o escolhido por Iemanjá para a tarefa. O ponto fraco se dá já nesse início com a aceitação imediata do tal pescador, o Comandante interpretado por Nuno Leal Maia, até então com mais pinta de rufião que engajado - ainda que Iemanjá lhe prometa pescas fartas. Quem lhe recruta pela mão é a bela Maria Rosa, atriz Khouriana, que é também moradora do morro e jornalista na prática.
Com roteiro de Jece Valadão e de José Loureiro - Jece também produz, portanto com gente que entende do riscado -, o filme se segura, ainda que há uma ingenuidade nas soluções fílmicas e de enredo que quase põe tudo a perder. Mas se ainda assim só houvesse a entrada em cena de José Dumont como o matador de aluguel Tucano, O Escolhido de Iemanjá já seria lembrado com profundo interesse. Com seu tipo mignon e um sorriso perversamente infantil no rosto o tempo inteiro, o Tucano de Dumont inspira medo e dá a dimensão exata do quanto o ser humano pode ser capaz em caminho tortuoso e no gozo com a maldade. Presença arrebatadora.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010longas brasileiros em 2010 (44)
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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
longas brasileiros em 2010 (44)