Magnata, O, 2007, Johnny Araújo
Um raio x esvaziado
Quando O Magnata começa a gente fica sem saber se aquela realidade - skate, basquete e gírias em inglês - está nos Estados Unidos ou no Brasil. Mas depois lembramos que já vimos pela janela do ônibus ou do carro e também nas praças aquela fauna urbana. E aí nos lembramos, e deveríamos nos lembrar mais vezes, que o mundo não gira apenas em torno do nosso umbigo. Paulo Vilhena é o magnata do título, um bad boy - olha o inglês aí - que se divide entre a carreira iniciante de roqueiro, a delinquência das ruas e a pegação das meninas que como ele diz no show, "não param de olhar para seu pau". Herdeiro de uma grana preta, mora com a mãe alcoolatra, Maria Luiza Mendonça, chora a morte do pai, e não aceita o candidato canastra a padrasto, Chico Diaz. Certo dia entra numa roubada ao surrupiar uma ferrari com um colega barra pesada, ao mesmo tempo em que conhece uma garota que chegou ao país depois de seis anos em Nova York, a estonteante Rosanne Mulholland.
Dirigido pelo estreante Johnny Araújo, O Magnata tem roteiro assinado por Chorão, do Charlie Brown Jr (e mais colaboradores, entre eles Bráulio Mantovani). E é exatamente isso que surpreende, pois no mundo de Chorão os playboys são meninos que se desviaram do caminho, provavelmente pela negligência dos pais. Já a plebe rude, essa, do jeito que é mostrada, o desvio se deu já no DNA. Vilhena não está mau no papel e nem tampouco o resto do elenco, só que a solução encontrada pelo roteiro e pela direção para a sua história nos faz pensar que acabamos de ver mais um daqueles meninos mimados e incompreendidos que botam fogo em índio, mas cuja culpa é do sistema. É muita simplificação para um projeto que, parece, quer fazer um raio x de uma tribo. Ainda bem que de uma ponta a outra do filme brilha Rosanne Mullholand, essa atriz linda, talentosa e completamente cinematográfica.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010longas brasileiros em 2010 (45)
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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
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