Ano 20

Alô Alô Terezinha, 2009, Nelson Hoineff (Texto 2)

Retrato injusto das chacretes

Não gosto de ler críticas antes de ver filme, pois prefiro assistir primeiro sem o mínimo de referências externas possíveis. Depois, claro, gosto de ler o que já se falou sobre aquele filme. No caso de Alô, Alô, Terezinha!, já sabia das polêmicas. Como os que dizem que o diretor Nelson Hoineff tinha privilegiado uma abordagem mundo-cão. Assisti ao filme e fiquei decepcionado. É lógico que o cineasta, que também é jornalista - é o criador do ótimo Programa "Documento Especial", que está sendo reprisado pelo Canal Brasil - tem o recorte dele. E o filme de Hoineff prefere fazer uma panorâmica sobre aqueles que participaram do universo dos programas do Chacrinha - sobretudo as chacretes e os calouros. Compreendo que mesmo esse recorte seria interessante, mas não foi o que aconteceu no resultado. O melhor é ver as chacretes que povoaram a infância de muita gente - eu, inclusive. As minhas preferidas eram a India Potira - que está no filme - e a Ivone - que é só mencionada em uma foto. Só que me desagrada a forma como ele mostra algumas dessas chacretes, completamente despida de afeto. Ora, documentário feito por jornalista não tem que ser amoroso, dirão muitos. Mas no caso das Chacretes, rainhas que povoaram e povoam o imaginário popular, eu acho que merecia ser sim. E o filme de Nelson Hoineff parece estar mais interessado se elas faziam programa ou não, e com que cantores famosos dormiram (o "Notas Musicais", blog do Mauro Ferreira,  também acha isso) - por exemplo, o depoimento de uma delas sobre o amor por um homossexual é exposição e invasão de privacidade completamente desnecessárias. 

Resgatar alguns calouros é ótima idéia, mas também não gosto como eles são apresentados. Fui espectador assíduo dos programas do Chacrinha, principalmente na fase Tupi, em que eram exibidos a "Discoteca do Chacrinha" e a "Buzina do Chacrinha". Depois, quando foi para a Globo, juntou os dois programas no "Cassino do Chacrinha". Por isso, as chacretes da Tupi são as que estão mais no meu imaginário, como India Potira, Ivone, Angélica, Valderez, Verinha do Flamengo, Lucinha Apache, Fátima Boa Viagem. Rita Cadillac era da fase Tupi ou Globo? Não me lembro. Muitas delas tinham musiquinhas que o Velho Guerreiro gostava de cantar e que ficavam coladas na gente, como: "Angélica, meu mundo é você".  Ou "Quem dançar com a Walderez uma vez fica freguês". Abelardo Barbosa, o Chacrinha, fazia o melhor programa de auditório do país - em outro estilo, só Sìlvio Santos era, e continua sendo, o melhor animador ao lado dele.

ADENDO

Que absurdo! Citei Chacrinha e Sílvio Santos e já ia me esquecendo de ressaltar Bolinha, que adorava! Para mim, ninguém entendia e refletia a alma popular em seus programas de auditório como esses três. Gênios.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

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Sala 
 Léa Garcia
Dona de um talento ímpar e altivo, Léa Garcia brilha no teatro, na TV e no cinema.