Ano 20

A hora e vez das cineastas mineiras

Rosa Maria Antuña Martins - uma das diretoras mineiras precursoras
É mesmo motivo de celebração a realização do Cine Humberto Mauro, em Belo Horizonte, da Mostra Cineastas Mineiras. 

Se ainda hoje não é muito fácil realizar filmes fora do Eixo Rio-São Paulo, esse panorama se dificulta ainda mais quando quem está à frente dessas produções como cineastas são as mulheres – que, historicamente, sempre tiveram dificuldades para se lançarem á direção em qualquer parte do país, sobretudo no formato longa-metragem.

Por isso a importância de um recorte como esse, o que poderá gerar reflexões importantes sobre essa produção vista em conjunto, além da oportunidade de se conhecer filmes até então “desaparecidos” dos olhos do público - como os dois curtas dirigidos por Rosa Maria Antuña Martins.

De 23 de outubro a 5 de novembro, uma ampla programação permitirá ao público acompanhar um recorte importantíssimo sobre a produção cinematográfica em Minas Gerais, seja em filmes de longa ou curta duração. Toda a Mostra é gratuita.

A abertura vai contar com a apresentação de cinco filmes: 17h - Nos olhos de Mariquinha (2008), de Júnia Torres e Cláudia Mesquita; 19h – Amor maldito (1984), de Adélia Sampaio; 20h30 – Notas flanantes, de Clarissa Campolina (2008); 21h30 - Retratos de identificação (2014), de Anita Leandro.

A programação vai apresentar 38 filmes, 16 longas e 22 curtas, desde diretoras pioneiras, como Rosa Maria Antuña Martins, que na década de 1960 dirigiu os curtas Rosa Rosae (1968) e Solo (1969), até a vencedora do último Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte Simone Cortezão com Subsolos (2015).

E tem muito mais. Tem cineastas que nasceram em Minas, mas realizaram sua obra fora, como Adélia Sampaio, que nasceu em Belo Horizonte, mas mudou-se para o Rio de Janeiro com 12 anos.  Dela será mostrado seu longa Amor maldito, realizado em 1984, e precursor sobre a discussão séria sobre o amor e a paixão entre duas mulheres, interpretadas pelas atrizes Monique Lafond e a saudosa Wilma Dias. Adélia vem a BH e vai participar de um bate-papo no dia 28 após a sessão de 17h do filme.

Ainda no dia 28 haverá, às 19h30, o debate "A direção feminina no cinema brasileiro", com a participação de Adélia Sampaio e de outras realizadoras da Mostra, mediado pela produtora, cineasta e pesquisadora Paula Santos.

Tem também cineastas como Marília Rocha, que nasceu em Goiânia, mas há quase 20 anos está radicada em Belo Horizonte. Dela será exibidos os longas Aboio (2005), Acácio (2008) e A falta que me faz (2009). E Tania Anaya, que nasceu em Mineiros, também em Goiás, mas que sempre esteve por aqui e mora em Minas há décadas. Importante nome do cinema de animação, Tania vai mostrar Balançando na gangorra (1992), Castelos de vento (1998), Âgtux (2005), e Coração tambor (2004) – codirigido com Clarissa Campolina.

E tem, claro, cineastas que aqui nasceram e por aqui desenvolvem suas carreiras, como Cris Ventura, que mostrará o longa Nas minhas mãos eu não quero pregos (2012).

A Mostra Cineastas Mineiras vai apresentar ainda filmes das diretoras Clarissa Campolina, Júnia Torres, Cláudia Mesquita, Carla Maia, Raquel Junqueira, Suely Maxacali, Renata Otto, Cristina Maure, Joana Oliveira, Clarisse Alvarenga, Aline X, Malu Tavares, Ana Moravi, Anita Leandro, Maria de Fátima Augusto.

Complementam a programação as exibições do média Mulheres de Cinema, que a carioca atriz e cineasta Ana Maria Magalhães realizou em 1976 e registra o trajeto de algumas atrizes e técnicas do cinema brasileiro.  O curta Carmen Santos, dirigido pelo pesquisador e cineasta Jurandyr Noronha em 1969, uma homenagem da Mostra à Carmen Santos, grande nome do cinema brasileiro das décadas de 1920 e 40, e até hoje a mulher mais importante da história da nossa cinematografia, já que foi atriz, roteirista, produtora, diretora e dona de estúdio – Carmen teve uma ligação de trabalho , amizade e parceria forte com o genial cineasta mineiro Humberto Mauro. 

Há de se lamentar a ausência de Elza Cataldo, que é de fato a primeira mulher mineira a dirigir um longa, já que nasceu aqui e vem realizando seus filmes aqui, como o longa Vinho de Rosas (2005), além de outros curtas.  Outras ausências sentidas são Patrícia Moran, Érika Bauer  e Isabela Lacerda - por isso uma segunda edição, que os realizadores já cogitam, será mais que bem-vinda.

Muitas dessas diretoras que estão contempladas na Mostra Cineastas Mineiras já foram inventariadas pelo site Mulheres do Cinema Brasileiro, inclusive em entrevistas de trajetória, como Rosa Maria Antuña Martins, Adélia Sampaio e Marília Rocha. Confira!

Serviço
Mostra Cineastas Mineiras
Cine Humberto Mauro – de 23 de outubro a 5 de novembro
Palácio das Artes.
Mais informações e programação completa
http://fcs.mg.gov.br/programacao/cineastas-mineiras/

::Voltar
Sala 
 Betty Faria
Com amor profundo pelo cinema, premiada em vários festivais no Brasil e no exterior