Ano 20

17ª Mostra inema de Tiradentes - Segundo Dia

Cena de Depois da chuva, 2013, Claudio Marques e Marília Hughes
A programação de sábado, 25, da  17ª Mostra de Cinema de Tiradentes foi, em boa parte, voltada para o ator Marat Descartes, o grande homenageado desta edição.

À tarde o Seminário O percurso do ator Marat Descartes reuniu, além do homenageado, os atores Gero Camilo e Paula Cohen, os cineastas Gustavo Galvão e Marco Dutra, em mesa mediada pelo crítico Daniel Schenker.

Depois, foi a vez dos filmes com o ator no elenco: os médias 145 (2008), de Gero Camilo: e E além de tudo me deixou mudo o violão (2012), de Anna Muylaert; e os curtas A caminho de casa (2014), de Paula Szutan e Renata Terra; Fala comigo agora! (2013), de Karina Ades e Joaquim Lino; mais Uma confusão cotidiana (2005), dirigido pelo próprio Marat.

A Mostra Homenagem se estendeu até à noite com o longa Uma dose violenta de qualquer coisa (2013), de Gustavo Galvão.

Galvão subiu ao palco ao lado de Marat e de outros componentes da equipe para apresentar seu novo filme.

Esse momento, que em muitos festivais ou preestreias pode até transitar pelo óbvio e institucional, muitas vezes torna-se um ótimo termômetro para o que será visto depois.

O cineasta disse, entre outras coisas, que o filme trazia para a cena um personagem que anda muito ausente do cinema brasileiro: o cafajeste. E que por isso ele, de certa forma, mirava também o cinema marginal.

Bom, não foi preciso o filme avançar muito na tela para uma impressão se instaurar de imediato e logo a seguir virar fato: Uma dose violenta de qualquer coisa não consegue escapar de um certo engessamento por uma ideia.

Filme de estrada, em que dois personagens antagônicos - Vinícius Ferreira e Marat Descartes - perambulam sem geografia predeterminada, Uma dose violenta faz, no contraponto cafajeste versus homem sem rumo, um cinema muito exteriorizado, seja na interpretação do atores ou mesmo nas intrigas que se instauram.

Personagens, trama,conflitos, tudo fica muito na periferia, o que se torna mortal para um filme que pretende falar das mudanças, descobertas, ou até mesmo reconfirmações de um estado de coisas aparentemente indesviável.

O grande destaque ficou com o último filme da noite, não mais no universo do homenageado, mas integrante da Mostra Transições: Depois da chuva (2013), de Claudio Marques e Marília Hughes.

"Façamos o seguinte: eu não te dou trabalho e você não me dá trabalho, ok?"

A frase, que poderia ser banal, é um dos tantos momentos cruéis da relação mãe e filho no filme

Depois da chuva é filme centrado na relação de um adolescente com as diferentes instâncias do poder - Estado, escola, família -, tendo como contexto a instauração da Nova República na década de 1980.

Se no macro as Diretas Já, a eleição indireta de Tancredo Neves, a morte do Presidente e a posse do vice Sarney pautam a nação, no micro o adolescente Caio - interpretado por Pedro Maia (Melhor Ator no Festival de Brasília) - vivencia tudo isso no universo particular, sobretudo na escola opressora e as eleições do Grêmio Estudantil, e na relação com a mãe recem-separada e muito mais ausente que o pai que nunca vemos, mas adivinhamos a relação afetiva com o filho pelo telefone.

Muito diferente de outros tantos filmes recentes que abordam o universo dos adolescentes, Depois da chuva pode até deixar-se contaminar por alguns erros, mas é filme que cresce quando revisitado. Pelo menos na memória.


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Serviço:
17ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES
24 de janeiro a 1º de fevereiro de 2014
 Idealização e realização: Universo Produção
Patrocínio Máster: BNDES/Governo Federal, Oi
Patrocínio: CEMIG/Governo de Minas, Petrobras, Sesi/Fiemg
Incentivo: Leis Estadual e Federal de Incentivo a Cultura
Apoio: Oi Futuro, Instituto Universo Cultural, Rede Globo Minas




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Sala 
 Betty Faria
Com amor profundo pelo cinema, premiada em vários festivais no Brasil e no exterior