Ano 20

Lélia Abramo

*08 de fevereiro de 1911, +08 de abril de 2004 - São Paulo - SP

Cena de O caso dos irmãos naves, 1967, Luis Sérgio Person
Cena de O caso dos irmãos naves, 1967, Luis Sérgio Person
Algumas atrizes atingem um grau de interpretação tão sofisticado, aliam emoção e técnica de forma tão perfeita, que cada trabalho é um momento luminoso nas artes cênicas brasileiras. Assim é a grande Lélia Abramo. E não bastasse esse fato, ela foi também uma das atrizes mais politizadas do país.

Filha de imigrantes italianos, Lélia Abramo é neta de avô anarquista – vindo daí, talvez, sua sensibilidade paras as questões políticas, o que fez com que ela militasse nesse meio em várias instâncias. Com destaque para a sua gestão à frente do Sindicato de Artistas e Técnicos em Espetáculos– Sated-SP, onde militou com nobreza para a regulamentação da profissão. A atriz teve problema com o Dops durante a ditadura, participou da fundação do PT – Partido dos Trabalhadores – e das Diretas Já - possivelmente foram esses fatos que diminuíram seu espaço na TV, sobretudo na Globo, onde chegou a ser demitida enquanto atuava na novela Pai herói, de Janete Clair, em 1979, retornando à emissora em 82. Desde criança Lélia Abramo queria ser atriz, mas só consegue dar início a sua carreira depois de passar 12 anos na Itália, retida pela Segunda Guerra Mundial. De volta ao Brasil, em 1956 ingressa no teatro profissional - atua no Arena e na companhia de Cacilda Becker e Walmor Chagas - onde se tornará uma de nossas Grandes Damas, arrebatando os prêmios mais importantes como o Saci, o Roquete Pinto, o Moliére e o APCA. Chega às novelas em 1961 para uma carreira importante e estreia no cinema em 1960, no filme Cidade ameaçada, de Roberto Farias.

Nos anos 60, Lélia Abramo atua em dois filmes fundamentais no cinema nacional: Vereda da salvação, de Anselmo Duarte; e O caso dos irmãos naves, de Luís Sérgio Person. Nos anos 70 participa do belo Joanna francesa, de Carlos Diegues e em 80 arrebata o público em Eles não usam black-tie, obra-prima de Leon Hirszman adaptada da peça de Gianfrancesco Guarnieri – na qual ela atuou no teatro – e que reuniu na tela um elenco inesquecível formado por Lélia, Fernanda Montenegro, Guarnieri, Beth Mendes e Ricelli. A atriz conta a sua trajetória no autobiográfico ‘Vida e Arte – Memórias de Lélia Abramo’.


Filmografia

Cidade ameaçada, 1960, Roberto Farias
Vereda da salvação, 1964, Anselmo Duarte
O caso dos irmãos naves, 1967, Luis Sérgio Person
O anjo assassino, 1967, Dionísio Azevedo
O quarto, 1968, Rubem Biáfora
Cléo e daniel, 1970, Roberto Freire
Beto rockfeller, 1970, Olivier Perroy
Joanna francesa, 1973, Carlos Diegues
O comprador de fazendas, 1974, Alberto Pieralisi
O sonho não acabou, 1980, curta, Cláudio Kahns
Eles não usam black-tie, 1981, Leon Hirszman
Manôushe, 1992, Luiz Begazo
Janete, 1983, Chico Botelho
Mil e uma, 1994, Susana de Moraes


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Sala 
 Isabel Ribeiro
Presença luminosa nas telas, brilhou no cinema, teatro e televisão.