Ano 20

Thais Garayp

Grande talento de Minas Gerais, Thaïs Garayp, finalmente, tornou-se conhecida pelo grande público brasileiro. Atriz de grandes recursos - arrasa no drama e na comédia - Thaïs Garayp é também cantora de voz belíssima.  Depois de várias peças, inúmeras apresentações musicais nacionais e internacionais, oito curtas e dois longas no currículo, a atriz  vive um grande momento na sua carreira. 

Thaïs Garayp acabou de participar da novela  global “Como Uma Onda”, como a doce Abigail, personagem que conquistou o público e a projetou nacionalmente. No cinema,, está no elenco do filme que marca a estréia de Malu de Martino em longa-metragem, o ainda inédito “Mulheres do Brasil”, ao lado de nomes como Camila Pintaga, Dira Paes, Ana Beatriz Nogueira e Débora Evelyn. Depois de longa e  bem-sucedida carreira no Coral Ars Nova, um dos mais importantes do país, e também no grupo musical Nós & Voz, Thaïs Garayp estreou no teatro em “Mulheres de Hollanda”, um musical de enorme sucesso em Belo Horizonte, dirigido por Pedro Paulo Cava. De lá para cá, não parou mais, atuando em várias peças, curtas, especiais de televisão e em muitas campanhas publicitárias.  

Sempre bem-humorada, e emocionada em alguns momentos, Thaïs Garayp conversou com o Mulheres e fez questão que o encontro se desse na sede do Coral Ars Nova, seu “ventre materno”, como ela gosta de dizer. Na entrevista, a notável atriz e cantora fala de seus novos projetos e repassa sua trajetória desde as primeiras aulas de balé, “acredite se quiser com o atual físico que eu tenho (risos)”; sua passagem pelo Ars Nova; o encontro com o teatro, “foi o teatro que me transformou, virou a minha cabeça”;  com a televisão,  “eu gosto da abrangência que ela tem”; e com o cinema, “é a arte da sutileza e do detalhe, eu acho maravilhoso”. 

 
Mulheres: Esse lugar que você escolheu para a gente fazer essa entrevista é um lugar especial para você, não é isso? 

Thaïs Garayp: Sim, é como se fosse o ventre materno artístico, eu costumo dizer (sede do Coral Ars Nova). Na verdade, a minha carreira artística mesmo começou mesmo quando eu comecei a fazer balé no Palácio das Artes, acredite se quiser com o atual físico que eu tenho (risos). Durante três anos, eu fazia piruetas na ponta, e tudo. Por causa dessas aulas de balé eu fui parar no coral. Minha vida é toda assim, uma coisa vai levando à outra, são elos mesmos. Foi assim, a escola deu uma reestruturada e resolveu que todos os bailarinos teriam que estudar música, que foi sensacional, estudar teoria musical mesmo e solfejo. E nessa de solfejo, o professor,  o maestro Afrânio Lacerda,  me destacou, dizendo que eu tinha uma voz muito bonita e me falou para ir fazer canto. 

Eu já comecei achando muito mágico. Eu gostava de cantar, minha mãe disse que desde pequenininha eu cantava muito, até no berço. E, de repente, vem uma pessoa do nada e diz para eu fazer escola de canto, e me empurrou para o coral.  E aí no coral eu já comecei a ter uma outra visão de arte, que até então era o balé. Foi outra janelona que começou a se abrir para mim. Nesse coral, eu fiquei lá uns nove meses, tinha alunos de solfejo, tinha alunos de instrumentos, eu fui colega de Marcus Vianna, de Bete Coelho. Esse coral foi muito rico, eu abri mais ainda a minha cabeça e gostei desse negócio de cantar, já que eu não tinha dinheiro para fazer aula de canto. Eu tinha potencia para ser solista, não solista de ópera, mas talvez solista de câmera. A Norma Silvestri, na época superintendente do Palácio das Artes, quis me dar aula particular de canto, porque achava a minha voz muito linda, que eu poderia ser uma maravilhosa Carmen. Como eu queria desenvolver o lado do canto, eu peguei bolsa e fiz aula com a Norma, fui aluna do Roberto Fabel, do Tadeu Miranda, todos hoje em São Paulo sendo solistas maravilhosos das óperas lá ou no exterior.

Eu queria também estudar inglês, mas não tinha grana, eu sempre fui uma menina de classe média, mediadíssima mesma. Meu pai era representante de laboratório de remédios e minha mãe funcionária pública. Eu queria estudar inglês e descobri que quem cantava no coral poderia ter essas aulas, então  fui fazer. A vida é maravilhosa quando você para pra analisar como as coisas vão te conduzindo, sempre para o bem, quando você se abre, se entrega, quando é para sua vida ir bem ela vai. Quem era a regente do coral era nada menos que a Ângela Regina Pinto Coelho Fonseca, esse nome imenso de rainha. E ela também gostou muito da minha voz e me disse que tinha vaga para contralto no coral Ars Nova, que era para eu ir lá fazer teste. Eu vim, fiz, passei e fiquei cantando uns oito meses nos dois corais. Depois ficou pesado, porque eu também tinha que estudar, fazia engenharia civil, me formei e tudo. E foi aí que eu entrei para o Ars Nova. 

Mulheres: Isso foi quando? 

Thaïs Garayp: Isso foi em 1978. Foi mais ou menos quando eu tinha passado para engenharia civil. No Ars Nova  foi quando descortinou o mundo para mim, porque eu pude viajar para o exterior. Já no primeiro ano, em 1979, eu fui parar nas Filipinas. Eu, uma menina pobre, que no  máximo ia para Guarapari (risos) passar as férias de verão,  ou para o  Rio de Janeiro, onde eu tinha uma tias que moravam lá. E fui para Filipinas, com Imelda Marcos e Ferdinando Marcos me recebendo, na época ele era o ditador lá.  

A música tem um poder de transcender, desde quando eu comecei a cantar eu virei outra pessoa, pra melhor, enxerguei o mundo melhor, desenvolvi a minha sensibilidade, tanto artística quanto ser-humano mesmo. O Cora Ars Nova foi muito importante, porque através dele eu conheci o mundo, outras civilizações, outras pessoas, e isso, para uma pessoa sensível, pois todo artista tem uma alma sensível, isso aí foi tudo. 

Mullheres: E além disso, também pode aperfeiçoar sua voz. 

Thaïs Garayp: Sim, tive também oportunidade de aprender o que era o bom da música. O maestro Carlos Alberto sempre foi um profissional muito competente, sempre regeu com muita sensibilidade, então era diferente, ele mostrava para a gente uma outra forma de cantar, como a música deveria ser tratada. Eu não me esqueço nunca de uma coisa que ele falava para a gente, que o silêncio que antecede uma música e o silêncio que precede ainda é a música. Porque as pessoas em coral tinham o mau-hábito, às vezes, de estarem falando e de repente começarem a cantar. Não, você tem que se preparar para aquela música, e depois que acabar você tem que deixa-la no ar. Me sensibilizou  esse convívio com o Ars Nova, desenvolveu a minha sensibilidade artística e musical, então eu fiquei aqui de 1978 até 1993. Sai como se eu estivesse saindo de um casamento, foi doído. 

Mulheres: Eu quero saber como você foi para o lado de atriz, mas antes disso ainda quero que você continue a falar do canto. Essa sua permanência no Ars Nova também abriu campo para você atuar como cantora de outros grupos. 

Thaïs Garayp: Sim, eu tinha uma colega de coral, cujo vizinho tinha um grupo vocal, o Márcio. Eles estavam reestruturando o grupo e estavam precisando exatamente de contralto. Era o Nós & Voz. Então convidaram a Lílian, que hoje está em Petrópolis,  me chamaram também e eu aceitei. Então nós constituímos uma fase do Nós & Voz que foi muito rica também.  Até parece que eu tenho o toque de Midas (risos). Mas é que são as duas coisas, a coisas me fazem virar ouro e vice versa. Quando eu entrei nós fizemos uma fase muito legal. Nós fizemos um octeto e chegamos a fazer dois shows muito legais no Teatro da Imprensa Oficial. 

Mulheres: Eu assisti o sobre o Chico Buarque, que aliás eu acho um dos espetáculos mais bonitos que já vi com grupos vocais. 

Thaïs Garayp: Até aquela época nunca havia tido um espetáculo de grupo vocal como aquele. 

Mulheres: Foi quando? 

Thaïs Garayp: Foi em 1984. Esse show foi maravilhoso, muito bem dirigido, uma proposta completamente nova. Todos tinham uma certa experiência com coral, e a postura de cantar em coral é diferente, todo mundo estático, com pastinha na mão. A gente queria uma coisa diferente, já que íamos lidar com música popular brasileira, uma coisa mais descontraída, que tivesse um aspecto cênico. Aí foi outro degrau muito significativo para mim, porque foi através da estadia no Nós & Voz, essa forma diferente de estar no palco, que muita gente veio falar comigo que eu era muito descontraída no palco, e que porque então eu não ia fazer teatro. 

Mulheres: O teatro aconteceu para você dessa forma? 

Thaïs Garayp: Mais uma vez o mundo me conduziu, chega a mim uma coisa que me leva para outra. Eu fazia balé, e me perguntaram porque eu não cantava, daí eu cantava e me perguntaram porque eu não fazia teatro. Eu fui então procurar o curso do Palácio das Artes, mais uma vez o Palácio, que é grande referência de escola aqui em BH. Em 1987 eles estavam reestruturando, ta vendo, eu entrando como sempre em mais uma reestruturação de escola (risos). Eles estavam começando um curso e chamaram todos as grandes cabeças do teatro de Belo Horizonte para ajudar a reestruturar e a fazer os testes, para fazer a escola que hoje é o CEFAR. Então eles fizeram quase um vestibular mesmo, e lá foi a Thais. Preparei um texto, uma parte de “Calabar”, porque tinha a Bárbara cantando, ela falava e depois cantava, “ele era mil, tu és nenhum...” (cantarola).  

Eu fui e resolvi fazer o que eu sabia fazer. E aí eles ficaram encantados comigo mesmo, isso eu sei porque hoje eu sou casada com o Fernando Limoeiro que era da banca na época e era professor da escola. Mas eles me chamaram para me dizer que eu tinha feito um teste muito bom, mas que as vagas estavam muito concorridas. E eles sabiam que eu tinha esse meu casamento com o Ars Nova, e que quase todo ano a gente viajava para o exterior. Então, que eu tinha tirado uma nota muito boa, mas que eu ia ter que assumir o compromisso de continuar o curso, senão eu ia ocupar vaga de outra pessoa que queria muito, porque foi disputadíssimo.  

Eu fui fazer com o coração na mão. Acontece, que não deu um mês, apareceu uma viagem para a Áustria com o Coral, e como eu ainda não era suficientemente apaixonada pelo novo marido, o teatro, então falou primeiro o canto. Eu tentei trancar a matrícula da escola, não consegui, porque não tinha feito nem dois meses, então larguei o curso e fui para a Áustria ser feliz e fui muito feliz mesmo, conheci a terra de Mozart, né? (risos). Depois disso, eu deixei o negócio do teatro para lá, e saí do Nós & Voz também. Fiquei no coral, onde permaneci até 1993.  

Mas, olha como foi o salto, o teatro, efetivamente. Em 1992, ou seja, cinco anos depois, eu já estava namorando o Fernando, porque nós começamos a namorar logo naquele época, em 1987. Ele achava muito ruim  eu viajar para o exterior e ficar dois meses fora, mas foi ótimo. O Fernando foi outro esteio artístico na minha vida. Exatamente por estar ao lado dele, às vezes assistindo uma aula ou outra, lendo os livros que ele tinha, ouvir o que ele dizia, eu aprendi muito sobre teatro. 

Mulheres: O Fernando é de onde? 

Thaïs Garayp: Ele é de João Alfredo, Pernambuco. Morou no Rio, estudou teatro em São Paulo, e veio para Belo Horizonte em 1984, me parece.Ele casou lá com a Madu, uma das fundadoras do Giramundo, quando eu o conheci eles já estavam separados mais ou menos há um ano. O Fernando foi um dos responsáveis por eu ter me apaixonado pelo teatro, eu ficava por perto, vendo aquelas aulas, aquelas pessoas, os atores. Antes de eu me tornar atriz, eu sempre observava muito quando eu ia ao teatro porque eu sempre fui muito encantada com a profissão de ser ator, não a profissão, mas a condição de ser ator, porque a profissão é dura, só permanece quem gosta mesmo, e isso eu só vi depois. Em 1992, o Pedro Paulo Cava foi fazer uma grande montagem, “Mulheres de Hollanda” e precisava de cantoras, e como ele sabia através do teste que eu havia feito no Palácio das Artes, que eu tinha uma enorme vocação para ser atriz, ele então me chamou. Mas eu acho que ele me chamou mais para ser cantora mesmo. 

Acabou que esse espetáculo foi montado com muito improviso, ele não tinha um roteiro certo, tinham as músicas que o Pedro queria que constasse, algumas que a gente sugeria, todas do universo feminino da obra do Chico Buarque, a musical e a dramatúrgica. Então foi onde entrou a Joana de “Gota D´Água”, “Calabar”, e tal. E nessa eu peguei alguns trechos maravilhosos, como a mãe de “O Guri”, que não é uma obra dramatúrgica, mas  em cima da música a gente criou uma cena muito linda e que era muito contundente. As pessoas se emocionavam muito. Nós apresentamos o trecho do “Meu Guri” no Teatro Municipal, dentro de um evento para a “Campanha Nacional Contra a Fome” do Betinho, onde se apresentaram vários astros e estrela da constelação nacional. Estava recente a chacina da Candelária, então teve tudo a ver. 

Mulheres: Foi quando o “Mulheres de Hollanda”? 

Thaïs Garayp: A estréia foi em 1992, e depois de ficar mais de um ano em cartaz em Belo Horizonte é que nós fomos para o Rio. 

Mulheres: E foi um elenco poderoso, não é? 

Thaïs Garayp: Poderosíssimo, porque nessa primeira montagem do espetáculo eram atrizes mesmo, artistas com muita vivência, com muita maturidade artística. Não se restringiu só a boas cantoras, aliás de cantoras mesmo tinham poucas, era eu, a Paula Santoro e a Marli Maciel. Algumas enganavam e as outras ficavam no coro, porque eram afinadas, a gente teve uma preparação vocal muito legal, e no final todas cantavam. Mas de solista mesmo, para encarar, eram só nós três. Então foi aí que eu entrei para o universo do teatro, através da música. Olha só que engraçado, através da dança eu entrei para o universo do canto, e através da música para o teatro. Daí, de 1992 até o ano passado, eu fiz uma peça atrás da outra. 

Mulheres: O “Mulheres de Hollanda” ficou muito tempo em cartaz. 

Thaïs Garayp: Ficou, graças a Deus, durante quase dois anos. E completamos com essa temporada no Rio, ficamos lá uns três meses e fomos assistidas pelo próprio Chico Buarque. Foi uma emoção muito grande, o Pedro não contou para a gente que ele estava na platéia. A gente ia descobrindo logo na primeira cena, em que tinha todas as prostitutas, entrava uma por uma, e todas cantando “pra se viver do amor...” (cantarola tremendo, risos). Ele gostou muito e depois foi ao camarim falar com a gente. Estavam ele, a Marieta, a mãe e uma irmã. 

Mulheres: Qual foi a sua peça seguinte? 

Thaïs Garyp: Bom, depois eu comecei a fazer um monte de musicais, fiz “Na Era do Rádio”, “A Benção Vinícius”, com o D´Angelo (Jota) e, paralelamente, um infantil do Tim Rescala maravilhoso chamado “Pianíssimo”, comigo e o Tizumba (Maurício). Fiz também um espetáculo que foi muito importante para mim, era “Mahagony” e “Os Sete Pecados Capitais”, a junção dessas duas peças, dirigida por um diretor de Curitiba, Marcelo Marchioro, especialista em Brecht. Foi um ato de muita coragem minha, eu acho que se fosse hoje eu pensaria dez vezes se eu aceitaria fazer ou não, porque ele foi de muita responsabilidade. Era a orquestra sinfônica, os bailarinos do Palácio das Artes, e eu, lá (risos) de Ana 1, porque no caso dos “Sete Pecados Capitais”, são duas irmãs, Ana I e Ana II, o lado bom e o lado ruim que todo ser humano tem dentro de si. A Ana I induzia a Ana II a cometer os sete pecados capitais. 

Mulheres: Você fazia o lado mal? 

Thaïs Garayp: Eu era o lado mal, eu adorava, adorava. Eu sou doida para fazer novamente uma vilã, mas eu gostaria de fazer uma vilã divertida, como quase fiz em “Os Miseráveis”. Isso é outra faceta da minha história, eu quase fui fazer “Os Miseráveis”. Eu passei no teste, o pessoal de São Paulo queria que eu fosse fazer e eu só não fui porque aí eu já estava começando a ficar medrosa, eu acho. Primeiro, porque em princípio eles não podiam me garantir um salário como eu pretendia para poder sair de Belo Horizonte, uma pessoa com 38 anos na época, foi em 1998.

Eles não garantiam nem estadia nem alimentação, então para São Paulo tinha que ser um salário bacana e não era. Depois veio a ser, eu soube que quem fez veio a receber muito bem. Era a primeira montagem de musical  a la “Brodway” que eles estavam fazendo aqui e eles não sabiam que repercussão teria. Mas eu também não poderia arriscar. Quer dizer, eu até poderia ter arriscado sim, eu devia ter sido mais corajosa e ter ido, depois eu me arrependi um pouco. 

Mulheres: Mas isso não te impossibilitou de fazer outras coisas depois. 

Thaïs Garayp: É, mas eu queria ter ido para ter tido essa outra experiência de morar e trabalhar em São Paulo. Lá o meio profissional é diferente, acho que exige mais da gente, portanto você se desenvolve mais, eu tenho essa impressão. 

Mulheres: Você foi do balé para o canto, do canto para o teatro. Quando você  vai para o audiovisual? 

Thaïs Garayp: Por causa do grande sucesso do teatro (risos). Foi muito engraçado, porque eu assim falando, parece prepotência, que tudo que eu fiz foi maravilhoso. Mas é porque até então foi assim mesmo, recebendo muitos elogios. Eu fui muito bem-sucedida, graças a Deus, tenho muitas críticas positivas sobre o meu trabalho da época no teatro. E aí o pessoal começou a ficar de olho em mim, o meio. Então eu me lembro que o primeiro filme que eu fui fazer é absolutamente amador, foram alunos da PUC que foram fazer o trabalho final de curso. O curta chama-se “O Macaco”, uma adaptação de um conto de Nelson Rodrigues, onde eu fiz o papel de mãe. Eu sempre tive cara de mãe (risos). Então eu me lembro que esse foi o primeiro, um curta, preto e branco, sem diálogos. Foi ótimo, porque eu fui entrando aos poucos.  

Mulheres: Foi a sua primeira vez em um set de cinema? 

Thaïs Garayp: Foi, eu nem sabia como era, juro, fiquei sabendo que era uma câmera só, fiquei sabendo das longas esperas (risos). 

Mulheres: Você aprendeu fazendo. 

Thaïs Garayp: Sim, como tudo na vida. Para o teatro eu tentei estudar, mas não deu. Eu, claro, nunca deixo de, paralelamente, pesquisar por minha conta, pegar boas referências de livros didáticos, e tal. Agora, com o cinema, ainda não tive tempo de me dedicar à parte teórica não. Tem muito pouco tempo, então está sendo no fazer mesmo, na prática.  

Mulheres: Você fez muitos curtas, não é? 

Thaïs Garayp: Fiz. E também por causa do sucesso de “Mulheres de Hollanda”, o pessoal da publicidade também começou a me querer, então fiz propaganda de tudo, de Secretaria de Educação, lojas de móveis, e lá fui eu. Então eu descobri que eu sou muito teatral, sou muito expressiva, e para o cinema, o mínimo é o máximo, quanto menos você gesticular, melhor. Então isso eu fui aprendendo a dosar e uma coisa eu descobri, eu era muito requisitada porque eu passava credibilidade, e eu achei isso muito interessante. Eu ficava intrigada com tantos convites e uma pessoa me disse uma vez que era porque eu passava credibilidade. Então eu aprendi que isso é uma premissa para se trabalhar com o audiovisual. 

Mulheres: Me fala mais sobre os curtas que você fez. 

Thaïs Garayp: Eu fiz muitos com o pessoal do Curta Minas, com o Carlos Canela. Fiz também  com o Cláudio da Costa Val, um dos primeiros que eu fiz foi com ele, também uma adaptação de um conto de Machado de Assis, “A Cartomante”. Aí foi um pulinho um pouco maior porque a equipe já era semi-profissional. Eu comecei a ver as agruras que é fazer cinema, das longas esperas para rodar uma ceninha. Outra coisa que eu acho muito difícil é que exige muito preparo, vocação e técnica, porque depois dessas longas esperas você tem que estar preparado para fazer aquela cena x. Então exige uma técnica, uma concentração, e eu acho que se não fosse a vocação a gente não ficaria. Cinema é tão lindo, eu tenho ficado apaixonada cada vez mais. 

Outro dia eu fui ver um filme lindo, eu chorei até, chamado “Ninguém Pode Saber” (Hirokazu Koreeda), um filme japonês. E aí você vê a arte do cinema, o olhar, quando os atores são bons, quando o diretor é bom, com o olhar você passa uma situação inteira para o espectador. É a arte da sutileza e do detalhe, eu acho maravilhoso. Tem que ser um puta ator mesmo, cinema não é para qualquer um não (risos). 

Mulheres: O primeiro longa que você participou é “O Circo das Qualidades Humanas”. 

Thaïs Garayp: Sim, eu fiz “O Circo das Qualidades Humanas”, e aí sim, com uma equipe toda profissional, deparando com atores globais, enfim, deu um medo. 

Mulheres: E com cineastas experientes, Geraldo Veloso, Jorge Moreno, Paulo Augusto Gomes... 

Thaïs Garayp:  Me deu muito medo. 

Mulheres: Como você chegou a esse filme? 

Thaïs Garayp: O Jorge Moreno chamou algumas pessoas para fazer teste. Então tinha a Dona Geralda, mãe de Bosco, um jovem problemático. O Jorge já me conhecia por causa dos comerciais, embora em comerciais eu fazia papéis mais cômicos e esse do filme é mais dramático, uma mãe sofrida com um filho drogado. Eu sei que ele fez testes com outras atrizes, eu também fui lá fazer e ele me selecionou. 

Mulheres: E como foi participar do cinema, já com essa outra estrutura? 

Thaïs Garayp: Eu aprendi mais. E é engraçado, quanto mais você aprende, mais você tem noção do quanto se está distante da perfeição. E ainda bem, porque o dia em que a gente achar que está pronto, pode devolver a carteirinha, porque é um caminho sem fim, a gente morre se aperfeiçoando. 

Mulheres: Você ficou satisfeita com o seu trabalho, de se ver na tela? 

Thaïs Garayp: Olha só, a gente nunca gosta, né? (risos) Vou te falar sério, a gente nunca gosta, é impressionante. Mas é assim, só depois você vê. Você tem uma sensação, do lado de cá, que você está fazendo de tal jeito, e aí, quando você assiste, você pensa, mas eu achei que eu tinha passado isso. Me incomoda exatamente isso, porque às vezes você acha que está passando uma determinada sensação e não está. Eu não gostei muito não, sem contar o aspecto físico (risos), minha luta eterna para emagrecer, mas eu já estou ficando mais tranqüila em relação a isso, porque uma vez que a arte retrata a vida, tem gente gorda, e aí, por que eu não posso ser? (risos). 

O “Circo das Qualidades Humanas” foi meu primeiro longa, e essa produção mista mineira/carioca foi também a primeira experiência em cinema do Daniel de Oliveira, Eu fiz a mãe dele, então para mim é um grande orgulho ver ele fazendo esse sucesso depois com o “Cazuza”.  

Depois, fiz também uma participaçãozinha no longa “Amor Perfeito”, do cineasta mineiro Geraldo Magalhães, ainda inédito

Mulheres: Outro dia, em entrevista com a Zezeh Barbosa, eu comentei com ela que no “Bendito Fruto” está na tela o lado dramático dela, já que quase sempre ela está associada à comédia. Quando eu assisti ao “Circo das Qualidades Humanas”, aconteceu a mesma coisa com você e eu gosto muito da sua interpretação, contida, sofrida. Nada contra a comédia, muito pelo contrário, mas é legal ver esse outro lado, ali você exercitou esse outro lado. 

Thaïs Garayp: Foi, porque eu já tinha feito papéis dramáticos no teatro, mas no teatro é diferente, é tudo pra fora, para o outro lá. E no cinema já é pra dentro, você tem que passar esse drama, essa dor, sem muito gestos, sem muita careta, é no olhar. O que eu acho bonito no cinema é que é o olho, o seu olho e também a sua postura física, o seu estado. 

Mulheres: Não que nos outros veículos dê, mas no cinema não dá para mentir muito, a câmera está lá de perto, registrando tudo. 

Thaïs Garayp: Absolutamente. Isso é que é terrível, quer dizer, terrível para o ator, se ele fizer falso vai ficar lá para todo mundo ver. É um desafio muito grande. 

Mulheres: Agora, infelizmente, com todas as políticas de se fazer pólos regionais, o cinema brasileiro ainda está muito concentrado no eixo Rio-São Paulo. Como é para você, uma atriz encantada com o cinema, que agora está tendo outras experiências fora de Minas, lidar com  isso. Como fica fazer cinema em Belo Horizonte? 

Thaïs Garayp: A gente fica sempre no meio do caminho, você não deixa de exercer, e isso é um ponto positivo, porque você deixar de fazer também é terrível, seria mais frustrante ainda. Mas o fato de você fazer e não chegar lá... porque quem faz cinema faz para os outros, para as pessoas verem, é para o mundo, e o fato de não chegar lá dá uma frustração muito grande, eu acho uma tristeza. 

Mulheres: Você chegou à televisão, às novelas. Você fez uma participação em “Celebridade”, não é isso? Como foi fazer as participações até chegar à “Como Uma Onda” 

Thaïs Garayp: Fiz em “Da Cor do Pecado” primeiro. Foi legal, porque eu fui parar na televisão por causa da publicidade e do teatro. Eles vêem a Belo Horizonte observar, assistem peças. Mas a primeira vez que eu fui fazer teste para “Os Maias” foi porque o Leo Gama foi em uma agência olhar testes, olhar comerciais e me escolheu pelo tipo físico. Claro que pela capacidade, mas ele partiu do perfil que precisava. Aí me chamou, eu fui fazer o teste, também a Cinthia Falabella, a Michele Castro, para papéis diferentes, claro. Mas acabou que o papel pelo qual concorri foi feito pela Jussara Freire. 

Muito bem, acho que isso foi em 1998. Quando foi agora, em 2002, ligaram lá para casa e disseram que o André Reis estava me chamando para fazer teste para o cast da Rede Globo, para o cadastro. Eu fui lá e fiz. Você faz primeiro uma entrevista com eles e depois eles te dão um texto para você preparar para um teste. Eles te dão um texto de alguma novela que já teve, e escolhem se querem dramático ou cômico. Eu me lembro que no meu caso ele me deu dois e disse para eu escolher, por achar que eu poderia fazer os dois bem. Mas como era só um, claro que eu escolhi o cômico, porque no contexto de teste para a Globo, eu ficava mais tranqüila com a comédia. E aí ficou lá no cadastro e eu pensei, tudo bem, nada.  

Aí, passado um tempo depois, me ligou um outro cara, não foi o André Reis, foi o Léo Berlinski, para fazer essa participação. Assim de cara, não precisava fazer teste nem nada. Se eu topava, me mandou o roteiro, e aí eu fui, eu iria de qualquer maneira. 

Mulheres: Em “Celebridade” eu vi, mas em “Da Cor do Pecado” não. Como foi? 

Thaïs Garayp: Foi excelente, das duas vezes eu dei a maior sorte porque eu peguei cenas importantíssimas no contexto das novelas. Em “Dar Cor do Pecado” eu fui a mulher que fez a cena do parto da protagonista em um ônibus. Então era uma denúncia social e diretamente com a protagonista, então todas as pessoas que acompanhavam a novela viram, e as que não viam pararam para ver o tal parto tão anunciado no ônibus. E quem estava lá? Euzinha, quietinha no meu canto, mas estava lá. Foi muito legal, eles falaram que eu tinha saído muito bem, fui natural o suficiente, que conduzi a cena com naturalidade como se estivesse acontecendo mesmo aquele parto no ônibus. 

Eu me encontrei agora recentemente com o Matheus (Naschtergaele), e eu disse para ele, “Oi Matheus tudo bem? Olha eu aqui de volta, vocês me deram sorte”. E ele, “olha, que bom você aqui, é merecido, você sabe que aquela  cena foi a mais bonita da novela? E você contribuiu muito para isso”. Ele foi uma gracinha. 

O Léo, quando me chamou para fazer essa participação, foi través do cadastro que o André fez. Aí dois meses depois o André me chamou para “Celebridade” e me disse que era um papel pequeno, mas imagine se eu não ia. E aí foi assim, o mundo me viu. A minha personagem se chamava Silvana, era uma participação rápida, mas todo mundo me viu porque eu estava lá ajudando a mocinha a bater na vilã, o dia que todos esperavam. Eu acho que eu dei sorte com o teor das cenas em que eu fiz participação, foram cenas muito importantes, muitos vistas. 

“Celebridade” era dirigida pelo Dennis Carvalho, quando alguns meses depois apareceu a oportunidade dessa personagem, a Biga, que eu fiz em “Como Uma Onda”, graças a Deus, o Denis já me conhecia. Então, eu acho que não foi muito difícil o André convence-lo que eu poderia fazer a personagem, mas aí não é só ao Denis que tem que convencer, tem os autores, etc. No fim, eu sei que o André só me contou quando já estava decidido. Ele me ligou e me perguntou se eu me lembrava do Sérgio Malheiros. Eu respondi que sim, que era o garoto que eu tinha feito o parto em “Da Cor do Pecado”. E ele então disse, “pois é, você agora vai ser mãe dele na novela das seis”. Eu disse “o quê?” Eu achei que era brincadeira. Eu estava no meio da rua e tive que voltar para a casa da minha prima e sentar para receber essa notícia.  

Foi muito legal, os autores foram muito generosos comigo, porque meu papel não se restringiu a servir cafezinho e a abrir porta, eu tive meu núcleo familiar. Eu tive cenas com os protagonistas,  cenas importantes, e tive oportunidade de cantar umas três vezes. Não teve muita ênfase na novela o fato de eu cantar, mas para mim já foi muito legal, as pessoas que me conhecem ficaram tão felizes me vendo lá, cantando. 

Mulheres: Além de ter sido uma outra frente de trabalho, atuar em uma novela inteira, poder exercitar em um outro veículo. 

Thaïs Garayp: Exatamente. Porque quando eu cheguei, desde a primeira vez, na participação de “Da Cor do Pecado”, eu fiquei encantada com o tamanho dos estúdios, com a competência da equipe. Eles montaram um ônibus dentro do estúdio, a cena do parto foi feita toda no estúdio. Eu fiquei muito encantada e senti que era ali que eu queria ficar, e quando voltei agora, para fazer um papel maior, eu me senti tão bem, sabe, o cheiro do estúdio, eu gosto daquilo ali. 

Então foi pela terceira vez, porque a primeira vez foi quando eu descobri que gostava de cantar, que foi tudo na minha vida, o fato de ter cantado. A segunda coisa (emociona-se), e eu fico até emocionada de falar, foi o teatro, que me transformou, virou a minha cabeça, eu me senti um ser- humano depois do teatro. E agora, com a televisão, eu gosto da abrangência que ela tem. E também porque a técnica é difícil, eu digo agora que é difícil, talvez porque foi a minha primeira experiência. Talvez depois que eu dominar essa técnica fique mais fácil. Mas eu aprendi muito muito. 

Mulheres: Mas foi uma vitrine maravilhosa, porque se todos nós já ficávamos encantados com o seu talento, dessa vez foi o Brasil inteiro. 

Thaïs Garayp: Ah, foi tão bom, eu ir para o interior da Bahia fazer o filme e o povo me seguindo na rua. Porque o que me fascina nessa abrangência da televisão não é só  por vaidade não, é claro que tem vaidade, é bom você ser reconhecido, mas tem hora que até enche o saco porque você quer ficar quietinho. O que me fascina é aa grandiosidade da coisa, a gente faz arte é para o mundo, então você poder fazer isso e ver que o mundo está recebendo é orgástico. 

Mulheres: Esse convite para fazer o filme da Malu de Martino, "Mulheres do Brasil", foi através do seu trabalho na novela? 

Thaïs Garayp: Foi. Foi muito engraçado, a Malu pegou o meu telefone através do Denis, porque a mulher dele, a Débora Evelyn, fez uma das histórias do filme. E quando ela me conheceu ela me disse que é a única diretora de cinema que assiste televisão, e assiste novela, a da seis, a das sete e a das oito. Quando ela me viu, ela disse “é essa moça, vou chamá-la para fazer teste”, porque ele já tinha feito muitos testes, ela me contou, no Brasil inteiro e inclusive na Bahia. E não tinha achado ainda, até pelo tipo físico e pela idade, e pelo jeito também, eu acho. Então quando ela me viu, foi sorte minha e sorte dela, porque foi só chamar que eu fui. Recebi o roteiro, vi que dava conta de fazer e fui logo aceitando. 

Mulheres: Fale um pouco sobre o filme, sobre a sua personagem. 

Thaïs Garayp: Para variar eu faço uma mãe. E a coisa que eu acho mais engraçado é que eu não sou mãe na vida real, mas sei que tenho um instinto maternal forte. Talvez porque tenha tido uma mãe muito forte, muito significativa, tudo que eu construí eu devo à educação que ela me deu, a noção de tudo, de caráter, minha mãe foi maravilhosa na nossa formação, dos filhos dela. Então, eu emano esse lado maternal, porque a maioria das coisas que eu fiz, quando não foi professora, englobando os curtas,  publicidade e até locução, foi mãe, já fiz muitas, acho que eu tenho até a voz. 

No filme, eu faço uma mãe, uma senhora pacata, recatada, do interior da Bahia. Quem faz o marido é um ator maravilhoso, sensacional, Julião Rosa, de Salvador, professor de teatro, sensacional. Ele fez meu marido e foi outra coisa que me deu muita tranqüilidade. Primeiro a Malu, que é uma pessoa super tranqüila para trabalhar, dedicada, tranqüila. Mais essa parceria com esse ator. Mas então, voltando à história,  eles criam uma filha única com o maior zelo, eles fazem tudo por essa filha, mas ela no fundo, no fundo, não passa de uma safadinha (risos). 

Mulheres: Que é feita pela Camila Pitanga. 

Thaïs Garayp: Sim. Ela é uma safadinha, mas o resto eu não posso contar porque senão estraga a história. A Camila Pitanga é generosíssima, foi uma gracinha, foi excelente o convívio com ela. Nós fizemos alguns ensaios no Rio de Janeiro, foram ensaios mesmo, porque nesse sentido a Malu é muito rígida, ela fez questão de fazer ensaios, discussões. Então fizemos uma parte no Rio de Janeiro e outra no interior da Bahia. 

Mulheres: Quando foram as filmagens? 

Thaïs Garayp: Em janeiro e fevereiro foi a parte do Rio, e depois, agora em junho, a parte da Bahia. Porque teve dificuldades para todo mundo poder ir em uma determinada época para a Bahia. Isso é outro desafio do cinema, você manter a continuidade, sendo que você filmou quatro meses antes. E foi legal esse meu papel também, porque eu tive que envelhecer, ou seja, a minha personagem começa com a minha idade real, 45 anos, e vai passando o tempo, ela termina com 65, por aí. Foi legal fazer esse trabalho também. Teve uma ajuda, claro, da maquiagem, um pessoal sensacional, toda uma composição. 

Mulheres: E o encanto pelo cinema renovou-se? 

Thaïs Garayp: Agora é que eu quero fazer sempre, eu gostaria de ter oportunidade de fazer sempre, sempre. 

Mulheres: E você vai continuar aliando todas as áreas, o canto, o teatro, a televisão e o cinema? 

Thaïs Garayp: Eu vou, e se eu puder cantar no cinema será melhor ainda (risos). 

Mulheres: Você já tem algum projeto? 

Thaïs Garayp: Tenho um projeto para cinema sim, com o pessoal daqui, com o Carlos Canela. Eu falei para o Canela que ele é o Bergman da minha vida e eu sou a Liv Ullman dele, porque eu já fiz uns três ou quatro curtas dele. Agora ele vai fazer um longa, se Deus quiser, baseado no texto “O Homem da Cabeça de Papelão”  (de autoria de João do Rio). Eu vou fazer nada mais nada menos que a mãe (risos) do protagonista. Eles estão olhando para ver se o Wagner Moura aceita fazer esse protagonista, vai ser sensacional se ele aceitar.  

De cinema eu tenho esse projeto. De teatro eu estou meio perdida, eu gostaria muito de ter feito um musical no Rio, mas não deu tempo de fazer os contatos suficientes, pois tive que voltar para a minha terra. Se eu tiver que ficar aqui em Belo Horizonte, eu quero fazer alguma coisa em teatro, eu vi tanta coisa boa, eu estou tão alimentada, eu tenho que devolver isso para o público. 

Mulheres: Televisão você acabou de fazer, mas “estamos aí”? 

Thaïs Garayp: Estamos aí sim, a gente merece. 

Mulheres: Merece mesmo, você é uma atriz maravilhosa. 

Thaïs Garayp: Eu sou esforçada, isso eu concordo, sou dedicada, quando eu pego um papel eu penso nele 24 horas por dia. Eu só não sou mais bailarina porque eu engordei (risos), mas tudo começou com o balé (risos). 

Mulheres: Eu sempre peço para as minhas entrevistadas homenagearem uma ou mais mulheres do cinema brasileiro, de qualquer época e de qualquer área. Você quer homenagear alguma? 

Thaïs Garayp: Norma Bengell, não poderia deixar de ser, Norma Bengell na cabeça. 

Mulheres: Mais alguma coisa que eu não abordei e você gostaria de acrescentar? 

Thaïs Garayp: Você me perguntou em relação a dar mais oportunidades, e eu acho que, por exemplo, as pessoas que escolhem locações no nosso Estado, elas deveriam dar mais oportunidades para os artistas e técnicos locais, pois temos artistas e temos técnicos sim. Se eles acham que nós não estamos no nível suficiente para eles nos utilizarem, então que eles nos dêem uma oportunidade para ficarmos por perto. Eu estou dizendo isso até em nome dos técnicos, para a gente aprender. Eles vêm fazer locações aqui e não utilizam pessoal daqui, eu  gostaria que essa política começasse a ser feita, somos capazes, podemos fazer tão bem quanto. E vai ser rico para a gente, para o cinema e para as artes em geral. 

Mulheres: Muito obrigado pela entrevista. 

Thaïs Garayp: Muito obrigada a você. Ah, eu gostaria de homenagear também a Odete Lara, essas duas são grandiosas para mim. 

Mulheres: Muito obrigado. 

Thaïs Garayp: Muito obrigada a você querido. 

 
 Entrevista realizada em julho de 2005.

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 Sala Dina Sfat
Atriz intensa nas telas e de personalidade forte, com falas polêmicas.