Ano 20

Hermila Guedes

Uma das maiores revelações do cinema dos anos 2000, a atriz Hermila Guedes vem construindo uma trajetória cinematográfica importante e premiada. “Na verdade, eu nunca pensei em ser atriz, não via essa profissão nunca na minha vida. Eu tenho amigos que gostavam de fazer teatro e um deles era namorado de um ator que ama, é apaixonado por teatro, ele faz até hoje uma peça no quintal da casa dele, com o dinheiro dele, é bem amador. Eu embarquei nessa aventura e estou até hoje. Esses meus amigos que adoravam teatro não são atores e eu continuei mesmo não pensando em ser atriz”. Logo, ela chega ao cinema e se apaixona: “Fazendo essa peça surgiu uma oportunidade de fazer um teste para um curta metragem que era a retomada do cinema pernambucano, depois do Baile Perfumado (Lírio Fereira e Paulo Caldas), e alguns curtas foram feitos lá. Eu fiz o teste e passei, fiz o curta da Adelina Pontual (O pedido), que, inclusive, trabalhou com o Marcelo Gomes. Daí vieram alguns prêmios de Festival, entendi o que é fazer cinema, me apaixonei pelo cinema”.

O primeiro longa foi Cinema, aspirinas e urubus, premiado filme dirigido por Marcelo Gomes. “Eu fiz um teste para fazer uma personagem, não me lembro o nome dela, mas era a mulher do Prefeito. Eu não fui bem no teste e aí ele inventou uma personagem, ele falou que inventou. Eu até queria, na época, que ela se chamasse Hermila, mas ele mudou de ideia, meu nome é um pouco antigo. O  engraçado é que o nome  terminou  ficando no filme do Karim”. 

Sua consagração se dá no também premiado O céu de Suely, dirigido por Karim Aiñouz e que protagoniza. “Tem uma cena comigo chorando horrores, um choro meu, fiquei lá quietinha, estava acocorada na hora. Daí o Karim falou “Levanta, vai até ali”. Ele acha essa cena a mais linda do filme, era quase sem luz, mas ele vê uma verdade naquilo, que é uma verdade minha. O filme é lindo por conta disso, porque tem uma verdade, tem uma seriedade em tudo, e são emoções minhas, mas doadas para aquela personagem As pessoas se emocionam porque eu me emocionei de verdade, isso transgride um pouco, as pessoas têm um nó na garganta quando vêem o filme, porque eu tive aquele nó na garganta”.

Hermila Guedes esteve na Mostra de Cinema de Tiradentes e conversou com o Mulheres do Cinema Brasileiro. Ela repassou sua trajetória: o início no teatro, a paixão pelo cinema, a participação em Cinema, aspirinas e urubus, de Marcelo Gomes, a consagração em O céu de Suely, de Karim Aiñouz, o trabalho  na televisão, e muito mais.

 


Mulheres do Cinema Brasileiro: Quando você nasceu?

Hermila Guedes: Eu sou sagitariana, eu nasci em 27 de novembro de 1980 (em Cabrobó, Pernambuco).

MCB: Você começou a carreira de atriz no teatro, em Recife, não foi isso?

HG: Na verdade, eu nunca pensei em ser atriz, não via essa profissão nunca na minha vida. Eu tenho amigos que gostavam de fazer teatro e um deles era namorado de um ator que ama, é apaixonado por teatro, ele faz até hoje uma peça no quintal da casa dele, com o dinheiro dele, é bem amador. Eu embarquei nessa aventura e estou até hoje. Esses meus amigos que adoravam teatro não são atores e eu continuei mesmo não pensando em ser atriz. Fazendo essa peça surgiu uma oportunidade de fazer um teste para um curta metragem que era a retomada do cinema pernambucano, depois do Baile Perfumado (Lírio Fereira e Paulo Caldas), e alguns curtas foram feitos lá. Eu fiz o teste e passei, fiz o curta da Adelina Pontual, que, inclusive, trabalhou com o Marcelo Gomes. Daí vieram alguns prêmios de Festival, entendi o que é fazer cinema, me apaixonei pelo cinema. Foi bacana porque o cinema foi se mostrando para mim de uma maneira muito interessante, não via o cinema dessa maneira, e eu acho que o cinema é uma das melhores coisas, eu gosto muito mais de fazer cinema do que teatro, do que televisão.

MCB: Quais os nomes da peça e do filme com a Adelina?

HG: A peça é “A Duquesa dos Cajus”,  é  infantil, a gente nunca se apresentava antes, era só pela brincadeira mesmo. O curta da Adelina Pontual chama-se O pedido, foi meu primeiro curta metragem., depois eu fiz alguns outros curtas. O primeiro longa foi Cinema, aspirinas e urubus, do Marcelo Gomes.

MCB: O curta Entre paredes (Eric Laurence) é antes do Cinema, Aspirinas  ou depois? Porque eles são mais ou menos da mesma época, não é isso?

HG: Eu acho que depois.  Eu tenho uma memória péssima, mas o Aspirinas foi o primeiro longa, o Entre Paredes eu acho que foi depois. Depois eu fiz O céu de Suely (Karim Ainouz),  aí  depois vieram o Baixio da bestas (Cláudio Assis) e o Deserto feliz (Paulo Caldas). Entre esse tempo de longas eu fiz alguns outros curtas lá no Recife.

MCB: Até onde eu sei, no Cinema, aspirinas e urubus você fez um teste, não passou, mas o Marcelo Gomes queria você no filme e criou uma personagem para você. Foi isso mesmo?

HG: É verdade, eu fiz um teste para fazer uma personagem, não me lembro o nome dela, mas era a mulher do Prefeito. Eu não fui bem no teste e aí ele inventou uma personagem, ele falou que inventou. Eu até queria, na época, que ela se chamasse Hermila, mas ele mudou de ideia, meu nome é um pouco antigo. O  engraçado é que o nome  terminou  ficando no filme do Karim.

MCB: Quando atuou em Cinema, aspirinas e urubus você tinha a dimensão de estar fazendo algo importante? Como era para você?

HG: Não mesmo, e nem sobre o que eu tinha feito, o Marcelo falava que estava lindo, mas eu não tinha essa noção. E foi um filme importante dentro do cinema, de como ele quebrou barreiras, importante para Pernambuco.

MCB: Como que você foi para O céu de Suely, você fez teste?

HG: O Karim me viu em Cinema, aspirinas e urubus,  ele também participou do roteiro. Eu conheci o Karim no Recife,  em pleno  carnaval, nas festas de carnaval. Ele me contou isso depois, que eu fiz uma cena, e aí ele pensou em mim para fazer o filme. Acho que alguns meses depois ele me ligou e falou “Olha, eu estou pensando em você para fazer o meu filme, mas sem compromisso e tal”. Um ano depois ele ainda estava escrevendo o roteiro, ele foi pra Berlim. Ele me ligou e um ano depois ele volta e fala “Olha, vamos fazer um teste para fazer o filme?”. Daí eu fiz dois testes, um com a produtora, lá de Recife, e um com ele. Eu não fiquei com o personagem principal, fui fazer um outro. A gente não tinha acesso ao roteiro, mas por coincidência ou talvez por uma frase que a Fátima Toledo falou “Você não precisa atuar, você precisa ser você”, quando eu entendi essa frase eu falei “Tá bom”. Daí então eu falei algumas coisas, eu Hermila, coisas que batiam um pouco com a personagem que ele queria. Alguns momentos, inclusive, eu falei frases que, dentro do roteiro que ele tinha escrito, batia muito como o que ele tinha escrito, coincidentemente. Talvez aí tenha percebido que a personagem seria eu, não sei, ali dentro do ator, né, ele já queria,  mas ele não sabia. Mas percebeu e mudou tudo,  talvez por algumas coisas que eu falei,  que pensei, ou que fiz.

MCB: Dá para você contar aqui a tal cena que fez o Karim ficar impressionado com você?

HG: Sobre essa cena eu fui descobrir isso depois. Então, em uma prévia de carnaval, que uma produtora lá de Recife faz, eu estava fantasiada, e estava com uma luva. O Karim estava com um whisk na mão, daí eu enfiei a mão sem tirar a luva e  mexi a bebida dele. Ele ficou louco com essa cena, deve ter pensado “Essa menina é louca!”. Inclusive, vou te contar uma coisa que ele não sabe. Depois dessa festa eu fui para casa, no dia seguinte, ao acordar, tinha um amigo meu que trabalhou com o produtor dele que me falou assim “O Karim está te chamando para ir para um bloco de carnaval”. Esse bloco se chama Porta, daí você sobe e faz o que quiser, algumas pessoas fazem stripteaser, essas coisas. E eu “Para o quê que ele me quer nesse bloco? Eu não vou não”. Não fui rsrs.

MCB: E no filme, falando da personagem, é uma entrega completa, não é? Ela leva inclusive seu nome. Me lembro de algumas cenas marcantes, como no embate entre você e sua mãe/avó, você chora muito e fica de costas, você sai andando, caminhando e ele te filma de costas.  Você falou no debate que, às vezes, você estava lá vivendo o personagem e o Karim, por exemplo, ficava filmando o seu pé. Eu queria que você falasse desse processo de direção e como foi para você.

HG: Eu tinha medo das pessoas confundirem a minha história com a história da Hermila Suely, a começar pelo nome. Quando ele falou que queria o meu nome, o nome dos atores, eu tive muito medo disso, porque as pessoas não me conheciam, não conheciam meu trabalho. Era um filme importante para a minha carreira e eu tinha medo que as pessoas confundissem mesmo a minha história. Eu sou do interior, de Pernambuco, então é meio quase que as coisas se fundiam muito. Depois eu entendi que a entrega não é do ator, não era uma simples interpretação, era quase uma entrega de alma mesmo, de alguma maneira deixei muita coisa ali dentro, da minha pessoa. Eu comecei a entender que era isso, era a entrega, isso significava a entrega que ele queria,  a entrega que eu nunca tinha dado a trabalho nenhum, digo conscientemente. Alguns momentos foram bem difíceis, essa cena a gente fez várias vezes, e ela vinha com uma força muito grande na sua mente, não sei o que puxava, não sei o que despertava em mim, mas vinha de uma maneira muito difícil de controlar. O Karim estava muito atento a tudo o que eu fazia, o tempo todo, não só nessa cena.

Tem uma cena comigo chorando horrores, um choro meu, fiquei lá quietinha, estava acocorada na hora. Daí o Karim falou “Levanta, vai até ali”. Ele acha essa cena a mais linda do filme, era quase sem luz, mas ele vê uma verdade naquilo, que é uma verdade minha. O filme é lindo por conta disso, porque tem uma verdade, tem uma seriedade em tudo, e são emoções minhas, mas doadas para aquela personagem As pessoas se emocionam porque eu me emocionei de verdade, isso transgride um pouco, as pessoas têm um nó na garganta quando vêem o filme, porque eu tive aquele nó na garganta”.

MCB: É bonita também a sua relação em cena com o João Miguel.

HG: O João Miguel eu conheci no Cinema, aspirinas e urubus, mas a gente praticamente nunca havia conversado porque eu filmei poucos dias, eu tive três diárias, e ele estava no filme todo e muito envolvido também. Sou muito fã, ele é muito generoso. E no filme eu tive uma relação, quase uma paixão mesmo, aconteceu aquela paixão dentro daquele lugar, dentro daquele filme, que foi bacana para levar isso para o personagem. Porque existiu uma paixão, mas não podia existir aquela paixão dentro daquele filme, né. Ele é um ator muito generoso e entregue, as pessoas do filme estavam muito entregues e isso ajudava muito. Eu, a Zezita (Matos) e a Maria (Menezes) dentro de uma casa, a gente conviveu, é como uma família, teve coisas de família mesmo, as vezes incomodava com o que a outra falava, ter que dormir junto, cozinhar junto com aquela pessoa, conversar sobre coisas com aquela pessoas, isso deu uma intimidade para a gente que foi para o filme também, a gente se apaixonou uma pela outra também, virou uma família de verdade ali. O Karim tem isso, ele conseguiu, de alguma maneira, facilitar a vida do ator, isso é magnífico, e faz o set te dar tudo, todos os artifícios do mundo, dentro do processo. A gente morou quase na casa, dormiu na casa que ia ser filmado, então tudo isso é uma preparação para o ator viver.

MCB: Você acompanhou o lançamento do filme em outros países?

HG: O Karim disse que já tinha viajado muito com o Madame Satã, “Esse filme é seu, vou deixar com você, você que vai viajar”. Eu fiquei com medo porque eu não sabia língua nenhuma, nunca tinha viajado para fora do Brasil, depois desse filme eu conheci o mundo, foi bem bacana. Ficava tensa porque era a primeira vez que dava entrevistas, mas ele estava lá ao meu lado. Em Veneza, por exemplo, eu fiquei muito nervosa, não conseguia nem falar, e ele lá do meu lado, “Eu te ajudo, vamos lá". Fui para Veneza, Holanda, Grécia, Havana. Ele foi para Toronto e para o Japão, mas eu não fui porque engravidei nesse meio do lançamento e não podia mais viajar. Fui pra Paris também, foi bem bacana.

MCB: E aí vem o Deserto feliz  e o Baixio das bestas.

HG: Aí vem o Baixio (Cláudio Assis).

MCB: Você, a Dira (Paes), a Marcélia (Cartaxo). É uma personagem dura, tem aquela cena traumática. Como foi  trabalhar naquele universo do Claudio Assis?

HG: Eu tinha visto o Amarelo manga, conheci o Cláudio desde que eu tinha feito O pedido (Adelina Pontual), ele estava fazendo o Texas Hotel, que era um esboço do Amarelo manga. Eu sempre tive muita curiosidade de filmar com ele porque achava ele uma pessoa excêntrica, queria ver como que era ele dirigindo. Eu acho que fiquei uma semana filmando, ele me levou lá no laboratório, no processo a gente foi em um puteiro, conviveu com algumas putas, conversou com elas, foi muito curioso conhecer aquelas pessoas. Ele é um diretor diferente do Karim, ele está mais preocupado com o todo do que especificamente com a direção de ator, já o Karim gosta de dirigir atores.

MCB: Não é o foco.

HG: Não é o foco dele, é mais preocupado com outra coisa. Fiquei com medo porque eu fiz o Deserto feliz em dezembro e o Baixio em janeiro, as personagens são um pouco parecidas, são meio amargas, embora a Pâmela (de Deserto) tenha um senso de humor e dentro do filme tem  um papel muito maior Eu fiquei com medo de ficar muito parecidas as personagens, e, depois, tinha acabado de sair de O céu de Suely. Fiquei com medo de parecer uma com a outra, mas no final das contas, vendo os três filmes, eu acho que não tem a ver uma com a outra, são trabalhos bem diferentes, são pessoas bem diferentes, são duas prostitutas e uma pessoa que se prostitui. sempre faço prostituta no cinema. Foi bem bacana a experiência com o Cláudio, porque ele é muito cru também e as cenas eram muito fortes, não foi tão intenso como o O céu de Suely,  foi rápida, mas foi bacana fazer a personagem.

MCB: Foi também teste?

HG: Não, foi convite.

MCB: Gosto muito do Deserto feliz, da Nash Laila e de você nele fazendo a Pâmela. Adoro a cena da dança de vocês duas, assim que a Pâmela aparece ela rouba o nosso olhar. Ela é uma prostituta mais velha, amarga,  já sem a esperança romântica da outra, novinha, é uma personagem muito forte. Como foi para você compor essa personagem?

HG: O Marcelo Gomes que roteirizou a Pâmela, ela foi feita por ele dentro do filme de Paulo Caldas. O humor dela é maravilhoso, embora ela fosse amarga, tinha perdido a esperança daquele sonho de gringo chegar e levar ela para um outro lugar. Ela era muito bem humorada, meio ácida, claro, mas tinha um certo senso de humor maravilhoso, e que eu achava a cara do Marcelo Gomes, ele meio que  me inspirou. Eu gostei muito desde quando eu li a Pâmela, mas o mais bacana de fazer o filme depois foi ver o respeito que o Paulo Caldas teve com o meu trabalho. Às vezes você vai fazer uma participação em um filme e não pode dizer que está no filme, tem que ver o filme pronto para dizer, porque às vezes cortam, a cena pode não ter ficado legal. Todas as cenas que eu fiz, todo o trabalho que eu fiz da Pâmela ele colocou no filme, está lá. Ele colocou de uma maneira tão bonita, foi tão bem construída a personagem. Ela contribuiu para que a Nash como protagonista pudesse existir também O mais legal é que eu tinha acabado de sair do O céu de Suely, então eu estava com aquela coisa orgânica, visceral, muito impregnada daquilo. O Paulo conseguiu, dentro do set dele, deixar a gente muito à vontade, era muito improviso o tempo todo. A gente ficou naquele apartamento do Holiday. lá em Recife, juntas, ficamos em um quarto, as três para criar uma intimidade, a gente conseguiu uma intimidade bacana. A Nash estava começando, era o primeiro filme dela, e generosíssima. Fluiu, era natural, a gente fazia aquelas cenas muito naturalmente, foi bem divertido fazer o filme.

MCB: Foi o último longa?

HG: No ano passado eu fiz três filmes, eu não sei quando vão estrear, demora um pouco. Eu fiz um filme em São Paulo chamado Boca do Lixo, com o Daniel Oliveira, dirigido pelo Flávio Frederico, é o primeiro longa de ficção dele, já fez alguns documentários. Fiz também um filme do Marcelo Taranto,  Ponto final, e fiz um filme no Recife, do Alceu Valença, chamado A luneta do tempo, acabei de filmar.

MCB: E quais são as personagens? 

HG: No Boca eu faço uma prostituta também, ela casa com o Hiroito, que é o personagem principal da história. No Ponto final eu faço uma personagem chamada Mulher,  com o Roberto Bomtempo,  protagonizamos o filme. O mais legal quando eu li o roteiro foi que o personagem se chamava Mulher,  e é isso, é uma mulher que engloba todas as mulheres, o filme se passa todo dentro de um ônibus, foi bem legal. Em Na Luneta do tempo eu fiz a Maria Bonita, junto com o Irandhir de Santos, que fez o Lampião. São os dois após a morte deles, no paraíso, bem bacana o olhar do Alceu sobre isso, todo o diálogo era em verso, era quase um cordel, na verdade.

MCB: E aí, nesse meio tempo, acontece a televisão.

HG: O primeiro trabalho na Globo foi o Por toda a minha vida,  sobre a Elis Regina. Depois de O céu de Suely. Eu fiz uma entrevista com o Ricardo Waddington e no mesmo dia eu sabia que ia fazer a Elis, foi muito louco, a televisão é ainda um desafio muito grande para mim.

MCB: Você já tinha alguma coisa assim com a Elis Regina, ou nem passava pela sua cabeça?

HG: Nunca, nunca imaginei. Em alguns momentos quando saia do Recife, falavam assim “Você parece a Elis Regina mais jovem”, mas nunca me atinei para isso, nunca me achei parecida com ela. A caracterização ficou ótima, mas não me acho parecida não.

MCB: Depois você fez  novela.

HG: Depois eu fiz a novela "Ciranda de pedra",  que é uma experiência diferente. Fiz a Divina, que era uma nordestina que trabalhava e morava em uma pensão. Foi bacana, comédia, que quase nunca faço na vida, faço mais drama. Ter uma experiência em televisão fazendo comédia foi bem bacana. Agora eu estou fazendo Força tarefa, que é um seriado policial, eu faço a Sargenta Selma, é outro desafio. Meu Deus, quantos personagens diferentes, mas o mais bacana é isso, né, você poder ser muitas.

MCB: Para terminar, as únicas perguntas fixas da entrevista: Qual foi o último filme brasileiro a que você assistiu?

HG: Deixa eu me lembrar…

MCB: E qual mulher que você admira, de qualquer época e de qualquer área do cinema brasileiro, e que você queira homenagear na sua entrevista?

HG: Laura Cardoso, eu acho que é uma atriz linda, eu vejo uma verdade naquela mulher, eu admiro o trabalho que ela faz por conta disso, eu vejo a alma dela ali nos trabalhos, em todos os trabalhos, é uma pessoa que me inspira muito no meu trabalho também.

MCB: Uma coisa que eu não te perguntei lá atrás e que eu lembrei agora: você gosta de atuar no teatro?

HG: Eu acho que o teatro  é um exercício obrigatório para o ator. Embora eu tenha muito medo de gente, plateia é uma coisa muito difícil para mim, mas o processo do teatro é muito legal. Eu comecei em um teatro, ainda que pulei para o cinema, mas comecei no teatro, entendo os processos. Eu dei um tempo agora porque a televisão tomou um pouquinho de tempo,  fora que eu continuo morando no Recife, em Olinda, Pernambuco. Quando eu estou trabalhando em novela eu venho para o Rio de Janeiro, fico um tempo fazendo televisão e aí, nesse tempo, eu fico só voltada ao trabalho na televisão, eu não consigo fazer outras coisas.

Ah, acabei de lembrar qual foi o último filme, eu tenho uma memória muito péssima nesse sentido, eu adoro filmes brasileiros. A festa da menina morta (Matheus Nachtergaele) foi o último filme que eu vi. Eu tive um programa de entrevistas de diretores pernambucanos no Recife chamado “Agora Curta”, então eram sempre curtas, eu vi muitos.

MCB: Muito obrigado pela entrevista.


Entrevista realizada durante a Mostra de Cinema de Tiradentes, em 2012.
Foto atualizada

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Sala 
 Sala Dina Sfat
Atriz intensa nas telas e de personalidade forte, com falas polêmicas.