Ano 20

Começa a 12a Cineop

Cristina Amaral - Divulgação Universo Produção
Neste momento, 21h15, acontece em Ouro Preto, Minas Gerais, a abertura da 12a edição da Cineop - Mostra de Cinema de Ouro Preto, uma das mostras de cinema mais importantes e queridas do país. No foco, o cinema patrimônio, com questões que envolvem memória, preservação, difusão, registro e educação.

Até o dia 22, a cidade histórica Patrimônio da Humanidade vai receber uma programação intensa de filmes, debates, seminários, oficinas, atrações musicais, exposição e muito mais. 

A abertura é com o longa Desarquivando Alice Gonzaga, dirigido por Betse de Paula, e que focaliza aquela que é sinônimo da Cinédia, estúdio carioca fundado pelo seu pai na década 1930, o jornalista, produtor e cineasta Adhemar Gonzaga.

A 12a Cineop, uma realização da Universo Produção - Raquel Hallak, Quintino Vargas e Fernanda Hallak -,  tem como tema a questão "Quem conta a história no cinema brasileiro?  No centro da discussão, a representação histórica, emergências ameríndias e preservação digital no Brasil.

A programação é gratuita e vai ocupar o Cine Vila-Rica, a Praça Tiradentes (com o Cine BNDES na Praça) e o Centro de Artes e Convenções. 

Segundo a organização, "neste ano, serão exibidos 77 filmes, sendo 13 longas, 4 médias e 60 curtas-metragens, vindos de 11 estados (RJ, SP, PE, RS, AC, MG, ES, DF, AM, PR, GO) e 2 países (Brasil e Cuba), nas mostras Histórica, Preservação, Contemporânea, Educação, Mostrinha e Cine-Escola. O Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros e o Encontro da Educação: IX Fórum da Rede Kino vão reunir 90 profissionais no centro de debates de diversas mesas e discussões temáticas. Mais de 400 convidados já confirmaram presença no evento".

Dois dos homenageados dessa Cineop são muito queridos: a montadora Cristina Amaral e o pesquisador Antônio Leão. Dois nomes indesviáveis do cinema brasileiro, a quem nós, amantes de nosso cinema, devemos muito pela beleza apresentada nas telas em filmes essenciais montados pela primeira, e pelo resgate da memória de nossa história cinematográfica pelo segundo.

Nesse final de semana, o Mulheres do Cinema Brasileiro vai fazer a cobertura da 12a Cineop.

Aproveito o momento para também homenagear Cristina Amaral, esse talento raro do nosso cinema, convidando a todas e todos para ler, ou reler, uma densa entrevista que fiz com ela aqui no Mulheres, em janeiro de 2005, quando estive em São Paulo para a cerimônia do Troféu Quepe do Comodoro, criado pelo querido e saudoso cineasta Carlos Reichenbach.

Uma das maiores alegrias da minha vida de pesquisador de cinema brasileiro foi ter ido naquela cerimônia no CineSesc e, para minha surpresa e honra, sair de lá com o Troféu Quepe do Comodoro Especial, que dividi com a Revista de Cinema, e que tem lugar de honra aqui na minha casa.,

Na minha estada em São Paulo, aproveitei para fazer algumas entrevistas, e uma delas foi com essa apaixonante Cristina Amaral, e que, modéstia à parte, era considerada por Carlão como uma das melhores entrevistas do site e uma das melhores que sua parceira de tantos filmes e amiga concedeu durante sua trajetória até ali.

Aproveitei e relembrei, por email, à Cristina essa entrevista e enviei três novas perguntas para ela, que seguem logo abaixo. E convido a todos para clicarem ai acima no menu,link Elas por Elas, e ler as duas partes da entrevista de 2005.


Mulheres do Cinema Brasileiro: Nós tivemos uma conversa longa em 2005, que está publicada no site Mulheres do Cinema. Inclusive, o Carlão me disse que considerava a melhor do site e uma das melhores suas. De lá para cá muita coisa aconteceu, inclusive com a perda, muito difícil para o cinema brasileiro, e especialmente para você,  de dois de seus grandes parceiros, o Carlão e o Tonacci. Você tem uma importância enorme para a história do cinema brasileiro, e ainda com essas duas parcerias fundamentais. Você tem a dimensão do quanto é respeitada e querida por todos nós do cinema, não é?

Cristina Amaral: Você fala da minha entrevista, mas a sua condução  na conversa foi essencial. A pergunta precisa ser inteligente e bem direcionada para sair uma resposta decente, não é? 

Em primeiro lugar, muito obrigada por todo esse carinho, viu?

A sorte do encontro e da convivência, da amizade e do amor que eu vivi com o Carlão Reichenbach- um irmão que generosamente  alterou e ampliou todos os meus horizontes, e com o Andrea Tonacci - o companheiro cotidiano, de vida, luz contíínua de todos os momentos, eterno. Essa sorte fez o desenho do meu trajeto na Vida e no Cinema. 

Vida e Cinema, entrelaçados, embaralhados, amalgamados. O resto é consequência. Vou continuar de mãos dadas com eles.

Mulheres do Cinema Brasileiro: Tem acompanhado o surgimento de novas montadoras? Quem anda te chamando atenção na área?

Cristina Amaral: Com relação às novas montadoras, menciono a Joana Collier, que tem um pensamento e um olhar na montagem que eu gosto muito. Mas,ao mesmo tempo, me sinto injusta porque tenho visto poucos filmes ultimamente, e eu gostaria  de poder mencionar mais pessoas.

Mulheres do Cinema Brasileiro: Como é para você receber essa homenagem da Cineop?

Cristina Amaral: Quanto à homenagem, eu só posso agradecer, e ficar aqui bem encabulada. É uma responsabilidade, né? Vou ter que saber lidar com esse carinho.


Matéria publicada em 22 de junho de 2017.

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 Betty Faria
Com amor profundo pelo cinema, premiada em vários festivais no Brasil e no exterior